LARGO DE SANTO ANTÔNIO. CORRESPONDÊNCIA

RECEBIDO POR FACEBOOK

Caro Dimitri:

 NOTA DE ESCLARECIMENTO DO URBANISTA CARLOS LEITE ACERCA DO PLANO DE REABILITAÇÃO URBANA DO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR E DAS PROPOSTAS PARA A ÁREA DO LARGO DE SANTO ANTONIO DE ALÉM DO CARMO.

 O trabalho que estamos desenvolvendo, em nível ainda preliminar, possui o fundamental intuito de organizar as diversas ações urbanísticas e infra-estruturais para o Plano de Reabilitação Urbana do CAS, sob coordenação da DIRCAS/ERCAS. Sua essência baseia-se no binômio "morar e conectar", ou seja, estabelecer e organizar formas de prover o Centro Antigo como um território adequado à vida urbana na sua forma mais ampla - morar, trabalhar, ter lazer e estar conectado com meios multimodais de mobilidade mais sustentável ao conjunto da cidade de Salvador.

Ou seja, o maior Patrimônio Urbano Histórico do Brasil e dos mais significativos do mundo, deve estar não apenas restaurado fisicamente de acordo com todos os preceitos cabíveis, mas também com a desejável dinâmica da vida urbana que confere pujança, segurança e qualidade ao lugar.

Neste sentido o trabalho busca instrumentos urbanísticos

alinhados com as ferramentas determinadas no Estatuto da Cidade (Lei de 2001) que possibilitem ao Estado formas e recursos necessários para a reabilitação do território e prover-lhe daquilo mais essencial em todo teritório urbano, moradia.

Especificamente no território da Rua Direita de Santo Antônio e do Largo, o trabalho apenas insere estas diretrizes: restaurar o Patrimônio; possibilitar a volta de moradia em todo o conjunto construído; direcionar demais usos pertinentes (hotéis, pousadas, comércio, etc) e dotar-lhes de um modal contemporâneo e sustentável de mobilidade que faz o circuito histórico do CAS, um bonde moderno (TRAM ou VLT de pequeno porte) que teria as funções de transporte coletivo no CAS e também turístico.

Ele se conectaria aos sistemas de ascensores que provém o transporte vertical cidade alta-cidade baixa (recuperação dos elevadores e dos planos inclinados), conectando-se no Largo a um novo plano inclinado que complementaria o sistema de mobilidade do CAS. Tal Plano Inclinado chegaria no Largo em um pequeno mirante-belvedere de apoio. Por fim, cabe comentar que, infelizmente, uma imagem do Largo foi equivocadamente publicada recentemente, pois se trata de imagem superada que não reflete as possíveis propostas para o território.

O Largo deve ser recuperado respeitando-se todo o seu importante Patrimônio Histórico construído, inclusive o Coreto.

Ou seja, neste lugar, as propostas seriam, além da recuperação do Patrimônio, a implementação do Bonde moderno e do Plano Inclinado (ascensor novo) com chegada em mirante.

Trata-se de trabalho em curso, sendo desenvolvido com enorme zelo e dedicação a este território tão significativo, mas ainda em fase preliminar, totalmente aberto às desejáveis discussões públicas e, no momento de maior maturidade, ser devidamente apresentado aos diversos órgãos de Patrimônio.

Atenciosamente,

Carlos Leite, Urbanista,

PhD Salvador, 5 de junho de 2014.

PS:

1 Fica a seu juízo publicar em sua página minha nota.

2 Terei prazer em recebê-lo para mostrar-lhe o trabalho em minha próxima ida à Salvador.

Abraço,

Carlos

PRIMEIRA DIVULGAÇÃO DO PROJETO  

MINHA RESPOSTA

Prezado Carlos.

Muito obrigado por esclarecer alguns pontos de seu projeto de reabilitação do Largo de Santo Antônio, no centro histórico de Salvador (a definição Centro Antigo, fantasiosa, não corresponde a área tombada pela UNESCO).

Com certeza por falta de conhecimento meu dos meandros da DIRCAS/ERCAS (nem tenho a certeza de entender o significado destas abreviações), gostaria de ter maiores detalhamentos.

Houve licitação para escolha do escritório de arquitetos ou concurso com esta proposta?

No caso de negativa, porque um escritório em São Paulo?                                     Eu poderia dar o contato de pelo menos 20 arquitetos baianos competentes, estabelecidos em Salvador, para executar tão simples proposta.

Quanto custou o projeto? Afinal se trata de verba pública, oriunda do bolso dos contribuintes. Transparência é essencial.

Como o primeiro projeto – desenhado sem o menor compromisso com a realidade – encontrou caminho para ser publicado nas redes sociais?

Porque, dias depois, apareceu outro projeto nas redes sociais, quase infantil, de proporções totalmente erradas, desta vez com um gigantesco coreto e cinco passagens para pedestres pintadas no asfalto?

Se acho oportuno um pequeno bonde Largo de Santo Antônio/Praça da Sé, não vejo a menor viabilidade de um plano inclinado. Iria descer até a Avenida Jequitaia? Com que motivo? Fora um posto de gasolina, não existe nem ponto de ônibus nem comércio. É uma área deserta, inóspita e até insegura. Seria uma empreitada inútil e exageradamente onerosa.

Devo também assinalar que existe uma séria polêmica atualmente entre a Conder e o IPAC, por verbas de Brasília ilegalmente desviadas. 

Assim que a execução desta obra, á poucos meses de novas eleições, me parece bastante comprometida.

Enfim, se me parece muito louvável seu convite para conhecer o projeto final, é claro que terei que vir acompanhado por outros moradores por mim escolhidos e não os costumeiros bajuladores que só sabem acenar com a cabeça e louvar sem analisar.

Peço perdão pelo tom desta mensagem, mas tem quase 40 anos que brigo com a incompetência, omissão e irresponsabilidade dos poderes públicos e não vou abandonar a luta tão cedo. 

No caso de sua participação estou até disposto a lhe considerar com aliado.

Atenciosamente

Dimitri Ganzelevitch

Morador do centro histórico há mais de 39 anos.