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sábado, 3 de maio de 2014

DIALOGAR É PRECISO


Comprei a ruína já tem mais de doze anos. Comecei por retirar a laje de concreto que cobria “a área” para iniciar o jardim que hoje encanta os visitantes. Com as primeiras entradas de verba, pedi a uma empresa um orçamento (salgado) para construir, após devidas autorizações, um novo imóvel mantendo a fachada original.

Não pretendo entrar no detalhe dos diversos obstáculos que transformaram esta obra em cansativa gincana. Mas o pior aconteceria depois de receber a casa como pronta. Infiltrações, rachaduras, clarabóia vertical colocada ao contrário, reservatório de água rachado, inundações, problemas com a energia solar... O inferno seria aqui, agora. 

Durante anos inventei dinheiro para compensar as falhas da tal empresa.
Em Outubro passado começariam problemas mais graves com a parte hidráulica. Depois da sexta inundação e do quarto pedreiro/encanador só restavam duas soluções: ir de joelho até a Colina Sagrada ou entrar com pedido formal ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Escolhi a menos cansativa.

E não é que o bolo saiu melhor que a receita? Atendido sem demora, vi chegar até minha residência uma equipe devidamente uniformizada, encabeçada por engenheiro, técnica em hidráulica, eletricista, bombeiro hidráulico e outros profissionais que ocuparam o imóvel durante uns bons dez dias. O assunto era sério e complexo. 

Durante dez dias botas e escadas subiram e desceram os antigos degraus em madeira de lei. Até que o problema fora resolvido. Já poderia dormir sossegado...

Nesta atitude do IPAC encontro a solução para a reabilitação do centro histórico de Salvador: dar assistência técnica aos moradores angustiados por problemas que ultrapassam seus conhecimentos ou possibilidades financeiras. 

Ao estabelecer diálogo permanente com a comunidade, o Estado passaria então de prepotente a parceiro e muitos moradores aceitariam eventuais constrangimentos de morar num Patrimônio da Humanidade em troca de assistência técnica.

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