Comprei a
ruína já tem mais de doze anos. Comecei por retirar a laje de concreto que
cobria “a área” para iniciar o jardim que hoje encanta os visitantes. Com as
primeiras entradas de verba, pedi a uma empresa um orçamento (salgado) para
construir, após devidas autorizações, um novo imóvel mantendo a fachada
original.
Não pretendo
entrar no detalhe dos diversos obstáculos que transformaram esta obra em
cansativa gincana. Mas o pior aconteceria depois de receber a casa como pronta.
Infiltrações, rachaduras, clarabóia vertical colocada ao contrário,
reservatório de água rachado, inundações, problemas com a energia solar... O
inferno seria aqui, agora.
Durante anos inventei dinheiro para compensar as
falhas da tal empresa.
Em Outubro
passado começariam problemas mais graves com a parte hidráulica. Depois da
sexta inundação e do quarto pedreiro/encanador só restavam duas soluções: ir de
joelho até a Colina Sagrada ou entrar com pedido formal ao Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural da Bahia. Escolhi a menos cansativa.
E não é que
o bolo saiu melhor que a receita? Atendido sem demora, vi chegar até minha
residência uma equipe devidamente uniformizada, encabeçada por engenheiro,
técnica em hidráulica, eletricista, bombeiro hidráulico e outros profissionais
que ocuparam o imóvel durante uns bons dez dias. O assunto era sério e
complexo.
Durante dez dias botas e escadas subiram e desceram os antigos
degraus em madeira de lei. Até que o problema fora resolvido. Já poderia dormir
sossegado...
Nesta
atitude do IPAC encontro a solução para a reabilitação do centro histórico de
Salvador: dar assistência técnica aos moradores angustiados por problemas que
ultrapassam seus conhecimentos ou possibilidades financeiras.
Ao estabelecer
diálogo permanente com a comunidade, o Estado passaria então de prepotente a
parceiro e muitos moradores aceitariam eventuais constrangimentos de morar num
Patrimônio da Humanidade em troca de assistência técnica.
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