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sexta-feira, 7 de março de 2014

FALTA DE PORRADA!

“Ter filho gay é falta de porrada”,




 



diz Bolsonaro

No dia em que se noticia a morte de um garoto de 8 anos espancado

 por um pai que não aceitava os “hábitos afeminados” do filho, 

vale relembrar que quem estimula tamanha crueldade está também

 ocupando cargo político no Congresso Nacional

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) reverbera na mídia um discurso presente
 em nossa cândida sociedade de que ter filho gay é consequência de falta de
porrada  durante a infância. Pois bem, nesta quarta-feira veio à baila a
 crueldade cometida por um pai que seguiu este ensinamento. 
Alex Moraes Soeiro, 34 anos, morador da comunidade de Villa Kennedy,
 zona oeste do Rio, jogou toda sua força contra o filho de oito anos, 
espancando-o até a morte. Motivo: o garoto gostava de lavar louça 
e não queria cortar o cabelo (veja aqui).
O preso disse que espancava o menino para “ensiná-lo a virar homem”, 
porque, segundo o pai, o garoto gostava de dança do ventre, 
tinha o hábito de vestir as roupas das irmãs e gostava de lavar louça. 
Levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da região, 
o menino faleceu horas depois após sofrer hemorragia interna 
em razão do espancamento.
De acordo com a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a grande maioria 
das denúncias de homofobia recebidas pelo Disque 100 (em 2011 foram 
quase 7 mil) são de violências sofrida por gays dentro de casa, 42%.
Casos de barbárie como o ocorrido em Três Lagoas, no Mato Grosso
 do Sul. Um pecuarista espancou o próprio filho homossexual em julh
o do ano passado (relembre aqui). O rapaz de 16 anos ainda foi ameaçado
 pelo pai de ser arrastado pelas ruas da cidade. O jovem chegou a ter as
 pernas amarradas a uma caminhonete. O produtor rural, que não teve
 o nome revelado, foi indiciado por injúria e tortura.
Tem um pensamento repetido por homossexuais que resume bem
 o desamparo de crianças e adolescentes LGBTs. Uma criança negra
 que sofre racismo na escola, volta para casa e encontra o abraço da mãe,
 mas uma criança gay que sofre homofobia na escola, volta para casa
e está sozinha.
Para muitos, o nível de violência homofóbica chega ao nível do insuportável .
 Uma pesquisa divulgada na publicação científica Pediatrics mostra que 
crianças LGBTs rejeitadas pelos pais correm seis vezes mais riscos de
 sofrer com altos níveis de depressão e tentam o suicídio oito vezes mais
 na comparação com heterossexuais de mesma faixa etária. Para citar 
apenas um episódio, tratamos recentemente do
caso do menino de 11 anos que tentou se suicidar após sofrer bullying homofóbico.
Mas temos no nosso Congresso Nacional um deputado capaz de dizer
 esse tipo de coisa. Assista abaixo.

Bolsonaro virou uma caricatura de si mesmo. Suas aparições em programa
s de televisão popularescos como Superpop e etc são usadas apenas 
para levar humor ao telespectador no final da noite.
Mas ainda tem muita gente que o leva a ferro e fogo. Muita mesmo.
 Em 2010, foi eleito com 120 mil votos. Provavelmente sua votação 
deve ser ainda mais expressiva na próxima eleição, pela mídia que
 conseguiu nos últimos quatro anos ir ao encontro do pensamento
 de gente reacionária.
E o deputado vai dizer o quê? Que não estava falando em morte 
quando se referia a “levar um couro”? Que esse pai provavelmente
 não tinha a intenção de matar o filho. Mas, e agora? 
Alguém vai devolver a vida a esse garoto?
Jair Bolsonaro vai poder abraçar os seus filhos, os mesmos que 
repetem o seu discurso de ódio a gays quando voltar para casa. 
Porém, esse garoto não tem mais o direito ao abraço de ninguém.
Até quando continuaremos produzindo novos “Alex” e novos filhos
 mortos por seus pais? Até quando pais vão continuar mais se 
importando se o filho ou a filha brinca de carrinho ou de boneca 
do que com amor e respeito? Os pais precisam perceber a desgraça
 que promovem na cabeça das crianças quando tentam impor a 
orientação sexual ou identidade de gênero, que, comprovada 
cientificamente por centenas de estudos, é algo com base genética.
 Os dados sobre depressão e suicídio são claros. O seu filho não va
i deixar de ser homossexual, bissexual ou transexual porque 
você quer. Não vai e não adianta torturá-los.
Até quando o poder público vai continuar assistindo de braços
 cruzados a violência homofóbica cotidiana em nosso país. 
Lamentar morte depois do ocorrido é muito pouco 
diante de tanto sofrimento.
A homofobia mata e precisa ser tratada com políticas públicas 
que promovam o esclarecimento à população desde 
nossas crianças até a vida adulta.

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