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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

DILMA, FERNANDA LIMA E O SUTIÃ

MALU FONTES
“Quinze minutos de fama, mais um pros comerciais. Depois descanse em paz”. O texto é um verso dos Titãs, mas o fenômeno descrito, o de celebridade instantânea, quem não conhece? Ninguém, no entanto, mais do que a adolescente Isabella Costa, a mineira que se tornou musa do Bahia por mostrar um pedaço do sutiã, durante frações de segundos, na transmissão, pela TV, de uma partida entre o Bahia e o Cruzeiro, sabe o que é viver exatamente essa situação. Ninguém melhor que ela experimentou, num estalar de dedos, o percurso entre o anonimato, a fama repentina e o convite imediato ao anonimato nosso de cada dia.
Uma voltinha de minissaia pela Fonte Nova e já é hora de descansar em paz.
A gangorra que todos os dias eleva e rebaixa à condição de famosa e à de ex-famosa é uma rotina que se elevou à potência indescritível com a web. O que torna o caso de Isabella só um pouquinho diferente, digamos assim, é, primeiro, o fato de ela ter estourado nacionalmente por mostrar um pedaço de sutiã, quando o comum são anônimas catapultadas à fama justamente pelo contrário: por mostrarem os peitos, sem sutiã. A segunda diferença, esta supostamente de difícil assimilação para quem dorme como uma das musas do mundo do futebol nacional e desperta do sonho com um beliscão, foi ter sido escanteada por um tsunami midiático num corpo de mulher e... sem sutiã: Fernanda Lima. A falta do sutiã e a forma dos peitos livres elevou a moça à fama mundial, que, mesmo que passe, já entrou para a história ao se tornar questão de Estado no Irã. A TV no país foi impedida de transmitir o sorteio da Fifa por conta do  decote que Fernanda mostrava.
Mas, Isabella Costa não está só por ter sido ofuscada no meio da semana em que brilhava. Até a presidenta da República, Dilma Rousseff, teve que ouvir desaforos por causa da apresentadora do Sorteio da Fifa. O jornalista e comentarista esportivo Juca Kfouri não pensou nem meia vez para dizer em seu blog que chegou a ser uma falta de respeito com a presidenta colocá-la no mesmo palco onde estava Fernanda Lima. Sim, foi uma piada masculina, ressaltando a beleza da atriz e apresentadora e insinuando que qualquer outra mulher se tornaria feia num contexto semelhante. Feia para não usar um desses eufemismos usados por aqui e tão em voga para descrever mulheres que não se encaixam exatamente nos padrões estéticos e eróticos das capas de revistas. Apanhou feito mala velha, mas teve mais gente que o aplaudiu e ainda pegou carona em seu comentário  para fazer deselogios físicos à presidenta.
Decotes e peitos em cena, não é por nada, não é por nada, mas, Fernanda Lima, embora continue estouradíssima, teve que retirar os seus da cena internacional. Após inflar não exatamente os corações dos homens da Fifa, foi escalada para apresentar os finalistas do prêmio Bola de Ouro 2013 e será a host do evento, em janeiro, em Zurique, na Suíça. No vídeo oficial da Fifa em que anuncia o evento, o figurino é o mais recatado possível. A blusa branca e o casaquinho marfim (aparentemente Chanel)  não serão pauta da censura do governo iraniano. Na nova roupagem para a Fifa, Fernanda só não perde em simplicidade para o modo espartano como a nova apresentadora do Fantástico, Renata Vasconcellos, se dá ao luxo, com o perdão do trocadilho, de fazer suas entrevistas especiais: rabo-de-cavalo, cara quase lavada e dispensa até mesmo de um par de brincos. Quem pode, pode. Com ou sem brinco. Com ou sem sutiã.

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