Nas suítes privativas dos estádios reformados com dinheiro público, milionários e empresas pagam 2,3 milhões de dólares por ingresso vendido por associada da FIFA
Fotos revelam o estilo de vida efervescente que a Fifa oferece ao público endinheirado que vem ao Brasil para a Copa do Mundo. Essa semana, o secretário geral da FIFA, Jerôme Valcke, anunciou que a Maison Taittinger terá exclusividade para abastecer de champanhe os compradores dos pacotes VIP Hospitality.
Essas suítes, em estádios como o Maracanã, custam mais de 2,3 milhões de dólares para todo o campeonato. Esse folheto de propaganda de circulação limitada foi disponibilizado pela FIFA apenas para os 250 indivíduos e empresas mais ricos do mundo, com condições de usufruir a vida nas su’ites milionárias que aparecem nas ilustrações.
De modo chocante revelam que são poucos os consumidores ricos que realmente querem ver o futebol. Enquanto os jogos rolam, eles irão bebericar champanhe em copos flute, falar de negócios e se entreter, todo o tempo de costas para o campo!
As suítes privativas, as mais caras, tem assentos para oito visitantes. O folheto mostra dois deles assistindo ao jogo e os outros seis comendo, conversando e fazendo pedidos ao garçom sem demonstrar o menor interesse pelo espetáculo no gramado.
Os clientes se sentarão em poltronas confortáveis e terão a seu dispor “bar e serviço de alimentação luxuosos, um brinde comemorativo, um kit vip de hospitalidade e serão recebidos por hostesses”.
No Studio Bossa Nova a situação é ainda pior. Ali são 14 visitantes, bebendo, comendo e conversando – mas apenas dois entretidos com o futebol.
Os clientes ainda podem optar por ‘poltronas especialmente acolchoadas’, as Business Seats, com bar de primeira linha e alimentação de alta qualidade.
O contrato para vender esse estilo, digamos, borbulhante de torcer é de exclusividade da companhia MATCH que tem laços há muito estabelecidos com o presidente da FIFA, Sepp Blatter, e seu sobrinho Philippe Blatter.
Os irmãos Jaime e Enrique Byrom, mexicanos que vivem em Londres, tem 85% da MATCH Hospitality e a Infront, companhia de Philippe Blatter sediada em Zurique, tem 5%. O grupo japonês Dentsu também tem 5%. O Dentsu era sócio da ISL, a companhia de marketing hoje falida que pagou propinas de mais de 100 milhões de dólares aos diretores da FIFA, incluindo Havelange e Teixeira.
Os irmãos Byrom foram premiados com os melhores ingressos do MATCH Hospitality. Os preços são altos mesmo para milionários porque a companhia Byrom perdeu cerca de 50 milhões de dólares na Copa da África do Sul em 2010 e estão determinados a recuperar esse dinheiro no Brasil – e realizar grandes lucros também. Há um ano os Byrom se gabavam de que o programa Hospitality já tinha atingido o recorde de 262 milhões de dólares vendidos.
Vamos ver agora se os estrangeiros ricos não terão receio de ocupar suas suítes Hospitality. O cheiro do gás lacrimogêneo não combina com champanhe e salada de lagosta.
Os Byrom tem 12 mil ingressos Hospitality para o Jogo de Abertura, mais 12 mil ingressos para dois jogos do grupo do Brasil e outros 110.500 para jogos de outras equipes favoritas. Se o Brasil for para a próxima rodada – de 16 times – vai jogar duas partidas para as quais os Byrom tem 20 mil ingressos. A FIFA também os brindou com 33 mil ingressos para outras partidas dessa rodada.
Se o Brasil passar para as quartas de final, os Byrom terão mais 20 mil ingressos para essas duas partidas – e mais 16 mil para outros jogos dessa rodada. Ele também tem 24 mil ingressos para as duas semifinais. Para a final no Rio, eles têm pelo menos 12 mil ingressos.
Aparentemente, os Byrom se apropriaram da maior parte da Copa 2014. Eles vão operar a venda de ingressos da FIFA e distribuir cerca de 3,3 milhões ingressos.
A FIFA também garantiu aos Byrom o privilégio de operar a agência oficial de hospedagem para 2014.
Em seu site, os Byrom se anunciam como operadores da “hospedagem, ingressos, hospitality, soluções de TI, tours para visitantes, e oferta de alimentação para as seleções, delegações, patrocinadores, membros da mídia e torcedores”.
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