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domingo, 24 de junho de 2012

POR 30 GRAMAS DE MACONHA


Um estudante francês, de férias pelos lados da baia de Camamu, foi preso no ano passado com 30 gms de maconha. Levado a delegacia do povoado, ficou por lá durante um mês, a espera de uma decisão de Valença. O representante consular na Bahia conseguiu finalmente que o garoto fosse transferido até uma penitenciaria de Salvador. Durante uma briga, cuja motivação não me foi esclarecida, o jovem foi esfaqueado e morreu.
Por 30 gms de maconha e uma burocracia criminosa.

Pode imaginar o leitor o pavor deste forasteiro no auge da juventude, mergulhado durante mais de um mês no mais absoluto avesso do sonho que representava esta viagem ao Brasil, sem falar a língua nem conhecer as sórdidas regras dos calejados marginais?

Nossa sociedade foi abocanhada, desde os anos 70, pelas drogas mais diversas, algumas letais. É uma situação dramática? É. Mas ao recusar a legalização dos entorpecentes, estamos repetindo o absurdo da Lei Seca em 1917 nos EU, ditada pelo fundamentalismo puritano. Desta atitude extremista iria florescer um gansterismo exacerbado. 
Hoje a história se repete, gangrenando toda a estrutura social a nível planetário.

Não são poucos aqueles que defendem esta legalização - eu entre eles - baseados na evidência que é impossível combater o inimigo que se esconde. E o inimigo não é o traficante, mas sim a doença. 

Nasci e me criei em Marrocos e, durante toda minha adolescência, testemunhei adultos fumarem seu cachimbo de haxixe nos cafés ou bancos públicos sem que por tanto fosse alterada a ordem pública. 
Alguém perguntará se eu também fumei. Sim, por três vezes, confesso, o cachimbo me foi oferecido e aceitei. Nada senti, não achei a menor graça. Ponto final. Se nunca mais fumei, nem cigarro de palha, é que cedo entendi a necessidade de preservar minha saúde.

A Lei Seca foi “...abolida por Roosevelt em 5 de dezembro de 1933, levando boa parte do crime organizado à falência.” afirma o Google. 
Talvez esta seja a verdadeira razão que impede a legalização das drogas e um eficiente combate a uma praga que mata mais que uma guerra civil.




Um comentário:

  1. Estamos, Erica e eu, contando os segundos para estar com você no dia dois de julho. Parabéns pela sua contribuição na melhoria de nossa consciência cultural e política.

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