por Samuel Celestino
Quem conhece revistas em quadrinho se lembra do mágico Mandrake. O mágico, não se sabe como, imiscuiu-se em uma eleição com apenas 35 votantes, no TRE baiano, que escolheu a desembargadora Sara Brito para compor o colegiado, com 18 votos contra 17 de sua colega Daisy Lago, cujo principal cabo eleitoral é o ex-presidente do TJ-BA e do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Carlos Alberto Dultra Cintra.
De repente, para complicar e dar cores mais fortes à desconfiança que envolve e diminui a imagem do Judiciário brasileiro, colocando-o em uma berlinda para lá de incômoda, a perdedora entrou – pelo que se informa – com uma alegação formal de fraude no pleito.
Ora, se com 35 membros votantes para o Tribunal, como poderia haver mais três votos em branco? Esta diferença estabeleceu a desconfiança da fraude. Assim, o que dizer da suposição sobre fraudes envolvendo vendas de sentenças no Judiciário?
Como acreditar em uma Justiça que frauda uma eleição com supostos 38 votantes ? Na verdade foram 35. O que querem fazer com o TJ-BA? No caso específico,
Mandrake substitui a pizza.
A imagem da Justiça baiana caminha a passos largos para o brejo, seguindo o dito dos tribunais superiores (que já não podem mais fazê-lo) que há, no Brasil, “a boa justiça, a má justiça e a justiça da Bahia”. O que aqui está a acontecer arrepia.
Trata-se de lançar ao brejo a credibilidade nas ações do Judiciário e o valor das togas, que segundo a valente ministra corregedora do CNJ, Eliana Calmon, são usadas por magistrados sérios e também por bandidos. Este caso, recentíssimo do Tribunal Regional Eleitoral, desmonta literalmente a imagem do poder no Estado.
O que querem provar?
Que houve fraude na eleição? E se isso ficar comprovado a partir do recurso da desembargadora que perdeu o confronto, o que fazer depois e o que dizer aos baianos? Como acreditar em um tribunal eleitoral presidindo eleições presumivelmente democráticas quando, dentro dele, há fraudes?
O Judiciário brasileiro está se dissolvendo na ética e na seriedade, até mesmo a partir da dúvida levantada. Pena.
As togas estão rotas.
Mas há os bons, os sérios, os excelentes magistrados e estes prevalecerão.
Espera-se. Adianto, depois dessas assertivas, que, no meu entendimento, são sérias as desembargadoras Sara Brito, que venceu a eleição, e Daisy Lago. De resto, para não dizer que não falei de flores, todo o Judiciário baiano.
Que coisa irônica esta ressalva!
Devo dizer que as mãos que digitam o texto ficam, assim, intactas. Longe do fogo. Longe do que acontece no Judiciário do país.
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