Um urubu pousou na cumeeira do Palácio Thomé de Souza, se é que o prédio, concebido pelo arquiteto Lelé, tem cumeeira. São não a tiver a ave de rapina pousou mesmo no ombro do prefeito João Henrique que se debate numa grave crise envolvendo a sua gestão. O vereador Alfredo Mangueira, tendo sido convidado e aceito o cargo de Chefe da Casa Civil da municipalidade, não permaneceu sequer 48h no cargo. Mas o suficiente para gerar uma forte reação no PMDB, partido a que pertence, que o ameaçou desvinculá-lo da legenda e pedir o seu mandato no TRE. Hoje, pela manhã, Alfredo Mangueira entregou o cargo ao prefeito. Alegou que teria pedido carta branca, ou plenos poderes para tentar reduzir gastos municipais e sanar a crise financeira. João não teria aceitado e, então, o chapéu que ele não havia tirado da cabeça, ajeitou-o e atravessou a praça Municipal de volta à Câmara de Vereadores. Lembra-se que esta é a segunda vez que o edil renuncia. Figura forte da Câmara, havia sido eleito, antes do ex-presidente Alan Sanches, para presidir a Casa. Ele é vinculado ao jogo de bicho e, na época, surgiram rumores que a sua renúncia inopinada, também em 48h, aconteceu porque seus parceiros do jogo foram contrários, sob a alegação de que ele ficaria sob holofotes, em exposição na mídia, o que não seria positivo para os negócios considerados contravenção. Assim, Mangueira se foi e o urubu ficou. No ombro do sofrido João Henrique. Como se sabe, ave aziaga como o é o Corvo, cantado na obra clássica de Edgard Alan Poe. Na obra do escritor americano, repetia o corvo nas sombras, o mesmo que Mangueira deve estar repetido: “Never more, never more”. Ou, “Nunca mais, nunca mais”.
(Samuel Celestino)
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