Convidado
pela Universidade Federal de Santa Catarina para o seminário “2° memória
urbana”, organizado pela Faculdade de Arquitetura, tive a oportunidade de conhecer
a bonita cidade de Laguna e a difícil tarefa de falar do fracasso que foram
estes 30 anos de “reabilitação” do centro histórico de Salvador.
Estabeleci,
logo de entrada, um paralelo entre Salvador e Cartagena de Índias, ambas
tombadas em 1985. Não escondi nada da leviandade das autoridades em se tratando
de um patrimônio definido como sendo da humanidade pela UNESCO a pedido – não
esqueçamos - do governo brasileiro. Desde a retirada das pedras portuguesas até
a derrubada dos 31 casarões passando pelo desprezo ao ser humano, os 1500
imóveis vazios, nossa campanha “Aqui podia morar gente”, o abandono da igreja de
São Francisco, com seu pátio e azulejos barrocos, o arruinamento do cinema-teatro
Jandaia, as fachadas pintadas com cores berrantes sem qualquer pesquisa, parecendo
propaganda de pintura acrílica – mostrei como Veneza tratava do assunto - a
agressão sonoro-sísmica dos shows no Pelourinho, minha palestra evidenciou a
criminosa incúria de nossos gestores.
Na verdade, ninguém, entre os
respeitáveis historiadores/arquitetos convidados, se surpreendeu com as
denúncias, sempre comprovadas por fotografias. A incompetência da Dircas/Conder,
as omissões coniventes e outros desmandos do IPHAN/Bahia já eram conhecidos de
todos. Soube até de uma comissão de inquérito do ICOMOS que deve, em breve, vir
de Brasília para avaliar a gravíssima situação da memória material de Salvador.
Falei de meu projeto de mandar à UNESCO um relatório pessoal sobre a longa
agonia de nosso centro histórico, mesmo sabendo da anterior denúncia do
Instituto dos Arquitetos da Bahia. A situação está chegando a tal nível de
degradação que todo e qualquer cidadão consciente tem a obrigação de se
manifestar, se opondo a tamanha leviandade.
O escandaloso abandono
do convento de São Francisco
O desaparecimento dos azulejos barrocos
A falta de compromisso com a pesquisa
de cores originais
Como envelhecem as tintas acrílicas
A total falta de fiscalização
do IPHAN e da prefeitura
A campanha "Aqui podia morar gente"
A tentativa de processo
O ato público a favor do acusado
A Feira do Solar
Muito bom, Dimitri! Com objetividade e concisão, você expôs bem o como anda a situação. - ou melhor, o como se (des)faz uma situação.
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