domingo, 5 de julho de 2015

O PALCO DAS FALCATRUAS


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Ainda sob os arautos dos festejos dedicados ao 2 de Julho, recordei de uma história narrada pelo Mestre Cid Teixeira na qual o testemunho de Ladislau dos Santos Titara – o autor do Hino ao Dois de Julho – e que foi soldado e lutou na famosa batalha de Pirajá, que sedimentou a independência da Bahia.
Na citada batalha, relata o Professor, que diante da desproporção envolvendo o abundante exército português, frente às forças de resistência locais e, tendo em vista iminente derrota, o Coronel Pernambucano Barros Falcão determinou ao Corneteiro Lopes que emitisse o toque de recuar, mas o Corneteiro, deu o sinal para a cavalaria avançar e degolar os inimigos.
De tal modo, a tropa portuguesa, comandada por Madeira de Mello assustou-se, debandando, logo em seguida, com o consequente êxodo do território baiano.
Nasce o jeito baiano de resolver seus problemas.
Foi nessa linha que o Governo da Bahia, por intermédio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC se propôs a resolver um dos seus projetos na área cultural, o palco articulado do Pelourinho.
O Palco Articulado, espaço planejado pelo Arquiteto Pascoalino Magnavita, tinha como missão criar uma plataforma retrátil para a realização de espetáculos, sem manter um palco fixo em meio ao Pelourinho.
Prepararam tudo: escolheram o local para a construção – em frente a Igreja do Rosário dos Pretos – expulsaram o povo do “reggae” – milhares de pretos que ali se reuniam às terças-feiras para curtir seu som e arranjaram numa inexigibilidade de licitação uma empresa para a execução das obras.
Destarte, aparece na Bahia a empresa Constran que hoje é conhecida nacionalmente pela peripécias do seu dono o baiano Ricardo Pessoa, mas que já vinha sendo investigada pelo Ministério Público Federal desde 28 de julho de 2011, por supostos pagamentos indevidos pelo Estado da Bahia à construtora Constran.
Como se constata facilmente numa visita ao local, a CONSTRAN sequer bateu um prego para a construção do equipamento, mas em contrapartida, recebeu milhões em pagamentos, com a conivência da área técnica do IPAC, a quem cabia a fiscalização da obra.
Agora, com a investigação da Polícia Federal, na operação Lava Jato e com delação premiada do empreiteiro, ficou evidente que “a nossa pátria mãe tão distraída era subtraída em tenebrosas transações”.

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 O pior é que a imprensa já divulgou a relação de políticos que receberam da CONSTRAN grana para campanha eleitoral do ano passado e para “nossa surpresa” quase todos do PT.
Decepciona também, a inércia do Ministério Público do Estado da Bahia, principalmente o Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural, que mesmo após reiteradas denúncias, sobretudo as feitas pelo povo do reggae, nunca se dispôs a investigá-las.
Assim, é que celebrando a sorte e “inteligência portuguesa” do corneteiro lusitano Luís Lopes, esperamos que uma “cornetada” soe, mesmo que ao revés, acordando as instâncias políticas e os fiscais da lei, numa clara tentativa de expurgar desta terra os que ainda não entenderam que a Bahia é do seu povo.

CHICO DA FEIRA





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