Ainda sob os arautos dos
festejos dedicados ao 2 de Julho, recordei de uma história narrada pelo Mestre Cid
Teixeira na qual o testemunho de Ladislau dos Santos Titara – o autor do Hino
ao Dois de Julho – e que foi soldado e lutou na famosa batalha de Pirajá, que
sedimentou a independência da Bahia.
Na citada batalha, relata o
Professor, que diante da desproporção envolvendo o abundante exército
português, frente às forças de resistência locais e, tendo em vista iminente
derrota, o Coronel Pernambucano Barros Falcão determinou ao Corneteiro Lopes
que emitisse o toque de recuar, mas o Corneteiro, deu o sinal para a cavalaria
avançar e degolar os inimigos.
De tal modo, a tropa
portuguesa, comandada por Madeira de Mello assustou-se, debandando, logo em
seguida, com o consequente êxodo do território baiano.
Nasce o jeito baiano de
resolver seus problemas.
Foi nessa linha que o
Governo da Bahia, por intermédio do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia – IPAC se propôs a resolver um dos seus projetos na área
cultural, o palco articulado do Pelourinho.
O Palco Articulado, espaço
planejado pelo Arquiteto Pascoalino Magnavita, tinha como missão criar uma
plataforma retrátil para a realização de espetáculos, sem manter um palco fixo
em meio ao Pelourinho.
Prepararam tudo: escolheram
o local para a construção – em frente a Igreja do Rosário dos Pretos –
expulsaram o povo do “reggae” – milhares de pretos que ali se reuniam às
terças-feiras para curtir seu som e arranjaram numa inexigibilidade de licitação
uma empresa para a execução das obras.
Destarte, aparece na Bahia a
empresa Constran que hoje é conhecida nacionalmente pela peripécias do seu dono
o baiano Ricardo Pessoa, mas que já vinha sendo investigada pelo Ministério
Público Federal desde 28 de julho de 2011, por supostos pagamentos indevidos
pelo Estado da Bahia à construtora Constran.
Como se constata facilmente
numa visita ao local, a CONSTRAN sequer bateu um prego para a construção do
equipamento, mas em contrapartida, recebeu milhões em pagamentos, com a
conivência da área técnica do IPAC, a quem cabia a fiscalização da obra.
Agora, com a investigação da
Polícia Federal, na operação Lava Jato e com delação premiada do empreiteiro,
ficou evidente que “a nossa pátria mãe
tão distraída era subtraída em tenebrosas transações”.
O pior é que a imprensa já divulgou a relação
de políticos que receberam da CONSTRAN grana para campanha eleitoral do ano
passado e para “nossa surpresa” quase todos do PT.
Decepciona também, a inércia
do Ministério Público do Estado da Bahia, principalmente o Núcleo de Defesa do
Patrimônio Histórico e Cultural, que mesmo após reiteradas denúncias, sobretudo
as feitas pelo povo do reggae, nunca se dispôs a investigá-las.
Assim, é que celebrando a
sorte e “inteligência portuguesa” do corneteiro lusitano Luís Lopes, esperamos
que uma “cornetada” soe, mesmo que ao revés, acordando as instâncias políticas
e os fiscais da lei, numa clara tentativa de expurgar desta terra os que ainda
não entenderam que a Bahia é do seu povo.
CHICO DA FEIRA
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