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quinta-feira, 18 de junho de 2015

GEOVANE E O CACHORRO

Governador quer expulsão de policiais envolvidos em morte de Geovane: "não honraram a farda que vestiram”

Rui Costa também pede exclusão de PM que matou cachorro em Teixeira de Freitas
Os 11 policiais militares denunciados pelo Ministério Público e indiciados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pela morte de Geovane Mascarenhas Santana, 22, em agosto do ano passado, não deveriam mais vestir a farda da Polícia Militar, segundo o governador Rui Costa. 
“Eu espero que, logo logo, com a decisão da Justiça, que eles deixem de vestir farda, porque eles não merecem e não honraram a farda que vestiram”, disse o governador, em entrevista à Rádio Metrópole, ontem. Ele disse que a ação foi um ato de covardia. “Ali é um ato criminoso, de covardia, que foi feito por alguns servidores públicos que eventualmente estavam vestindo farda”. 
O crime, cometido no dia 2 de agosto,  foi apurado depois de o CORREIO denunciar o desaparecimento do rapaz, no dia 13 daquele mês. O jornal revelou, com exclusividade, imagens da abordagem policial em que Geovane é colocado dentro de uma viatura da Rondesp.
"Ali é um ato criminoso de covardia feito por alguns servidores públicos que estavam vestindo farda. Espero que, logo logo, com a decisão da Justiça, eles deixem de vestir farda porque não a merecem e não a honraram", disse o governador Rui Costa 
Em abril deste ano, 11 PMs foram  denunciados por sequestro, roubo (a moto e o celular de Geovane não foram localizados) e homicídio qualificado (por motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima) — veja a relação de nomes ao lado. Seis deles foram denunciados também por ocultação de cadáver (Cláudio, Jesimiel, Roberto, Alan, Daniel e Alex).
De acordo com a denúncia, Geovane foi executado dentro da sede da Rondesp, às 21h do dia 2 de agosto. Apesar dos crimes que denuncia, a promotora Isabel Adelaide não pediu a prisão dos policiais e excluiu da acusação os crimes de tortura e formação de quadrilha, que constavam no inquérito do DHPP.  
“No momento, não existe motivos para pedir a prisão deles. Primeiro, porque o fato se deu em agosto, então não posso dizer que existe um clamor popular. São pessoas que têm profissão definida e endereço certo e, até então, não existe nenhum motivo que justifique ultrapassar o direito que eles têm de responder ao processo em liberdade”, disse a promotora, em abril deste ano, quando encaminhou a denúncia para o 1º Tribunal do Júri.
O caso corre em segredo de Justiça. Por meio da assessoria de comunicação, o MP informou que não iria comentar a declaração do governador, já que o caso agora está com a Justiça.
Administrativo
Apesar das palavras do governador, o  comandante-geral da Polícia Militar, coronel Anselmo Brandão, rejeitou a expulsão dos policiais — que além do processo judicial, internamente, respondem  a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na corporação.
“O processo está andamento, estamos aguardando a sua conclusão. Em breve, vamos ter uma resposta”, informou. O comandante afirmou que vai aguardar um posicionamento do juiz para que a ação seja “em conjunto”.
“Não podemos fazer um julgamento antecipado. Os policiais vão ser submetidos a um processo criminal, ainda vão ser submetidos à Justiça comum. E, de acordo com a denúncia que o juiz pronunciar é que iremos tomar as providências e vamos fazer uma coisa conjunta”, garantiu.
Segundo Brandão, os policiais continuam afastados de suas funções. O caso também era acompanhado pela Corregedoria da Polícia Militar. Consultada pelo andamento dessa investigação, a assessoria da PM não respondeu à reportagem. A reportagem tentou entrar em contato com o advogado dos policiais, mas não obteve sucesso até o final da noite de ontem (16).  
Geovane foi morto pelos PMs, diz denúncia(Foto: Arquivo CORREIO)
Ao saber da declaração do governador, o pai de Geovane, o comerciante Jurandy da Silva Santana, disse que, se já existem provas que incriminem os policiais, eles não devem ficar soltos, nem agir com farda. “Não ficou provado? Eles deveriam estar presos, mas aí estão ainda em outras funções”, afirmou.
Abordagem  
Geovane Mascarenhas sumiu após ser abordado por policiais da Rondesp BTS no dia 2 de agosto de 2014, na Calçada. O sumiço do jovem veio à tona após reportagens do CORREIO denunciarem o caso e a busca de Jurandy para achar o filho.
Laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) apontou que o rapaz foi decapitado e teve o corpo carbonizado. Segundo a  denúncia do MP, Geovane foi executado dentro da sede da Rondesp, às 21h do dia 2 de agosto.
“O corpo da vítima foi localizado no dia seguinte, numa casa abandonada, e a motocicleta deste, juntamente com o aparelho celular que carregava, foram subtraídos pelos acusados”, diz o documento elaborado pelo MP.
Rui Costa também pede exclusão de PM que matou cachorro
governador Rui Costa pediu ontem também a expulsão do tenente da Polícia MilitarWilson Pedro dos Santos Júnior, 40 anos. O policial militar é acusado de matar um cachorro a tiros durante um desentendimento com uma vizinha, em Teixeira de Freitas, Extremo Sul do estado.
“O comando da PM abriu processo administrativo e vamos fazer todas as medidas legais e todos os processos, inclusive pedir a exclusão desse policial do quadro da polícia, porque aquilo não é atitude de uma pessoa com equilíbrio”, afirmou o governador em entrevista à Rádio Metrópole.

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