Apaixonados
pelo Brasil, Michel e Rose* abriram no princípio dos anos 70 uma agência
especializada em terras brasilis na Rue Sainte-Anne, entre o Museu do Louvre e
a Ópera de Paris. Pão de açúcar, cataratas, Aleijadinho, o frevo e o maracatu, pato
no tucupi e Niemeyer viraram arroz e feijão cotidiano do casal.
Mas o xodó, o
xamego, era sem dúvida alguma a Bahia. Caymmi, Itapõa, moqueca e samba de roda.
Graças ao casal, quantos franceses sobrevoaram as dunas do Abaeté em mais de
três décadas? Quantos se encantaram com o bambuzal ao sair do aeroporto 2 de
Julho? Quantos cartesianos gauleses se emocionaram ao deixar a “Boa Terra”?
Quantos entenderam o significado da palavra saudade na fila do check-in de
volta ás brumas do Sena?
Durante anos, Rose e Michel louvaram o Recôncavo e o
Porto da Barra. Criaram seus filhos numa idolatria a nossa cultura, nossas
areias.
Perto da
aposentadoria, veio a realização do sonho tão sonhado. Compraram um terreno no
município de Mata de São João. Do lado do interior, já que as economias não
permitiam o litoral. Suficiente, porém, para construir uma bela casa avarandada
com vista para o futuro quintal de coqueiros, pitangueiras e bananeiras.
Após
ansiedades mil - quem construiu casa de veraneio sabe a dor de cabeça - chegou
o dia D. A inauguração do sítio, com os dois filhos e amigos vindos
especialmente da França.
Fim de tarde. Abre-se a garrafa de Veuve Cliquot, levantam-se as taças e... e entram seis assaltantes armados. Um com rosto tapado, sem dúvida, um operário da obra recém terminada. Levam laptops, celulares, relógios, jóias, cartões bancários e dinheiro. Distribuem alguns tapas. Adivinhe como se sentiram nossos amigos...
Aconteceu há pouco mais de um ano. Até hoje não se sabe de inquérito nenhum da polícia.
Michel e Rose não voltaram mais ao Brasil.
O sitio está a venda.
O sonho acabou.
Fim de tarde. Abre-se a garrafa de Veuve Cliquot, levantam-se as taças e... e entram seis assaltantes armados. Um com rosto tapado, sem dúvida, um operário da obra recém terminada. Levam laptops, celulares, relógios, jóias, cartões bancários e dinheiro. Distribuem alguns tapas. Adivinhe como se sentiram nossos amigos...
Aconteceu há pouco mais de um ano. Até hoje não se sabe de inquérito nenhum da polícia.
Michel e Rose não voltaram mais ao Brasil.
O sitio está a venda.
O sonho acabou.
*Nomes
fictícios.
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